A gigante chinesa de veículos elétricos (EV) BYD criticou duramente, essa semana, os planos da União Europeia de impor novas tarifas sobre os EVs fabricados na China, mas reafirmou seus planos de fabricar quase todos os carros que vender na Europa localmente.
Com essa estratégia, a BYD se junta a várias montadoras chinesas que estão acelerando a construção de fábricas na região.
Atualmente, a BYD é a segunda maior produtora de carros elétricos do mundo, ficando atrás apenas da Tesla.
A empresa revelou para a agência Reuters que planeja fabricar componentes na Europa e montar baterias em suas plantas na Hungria e na Turquia, importando da China apenas as células das baterias, segundo a vice-presidente executiva, Stella Li, em entrevista durante o Salão do Automóvel de Paris.
A empresa ainda está avaliando se repassará o custo adicional das tarifas para os consumidores ou se absorverá o impacto.
As novas taxas, que podem somar 17% sobre a tarifa atual de 10%, tornam difícil para a BYD vender carros na Europa por menos de 30.000 euros (aproximadamente R$ 172 mil).
“Discordamos muito dos cálculos… não é um julgamento justo”, afirmou Li, criticando a interferência política nas tarifas, que, segundo ela, apenas encarecem a fabricação de automóveis e confundem a indústria.
Durante o mesmo evento, Tianshu Xin, CEO da Leapmotor International – uma joint venture controlada pela Stellantis –, também abordou os efeitos potenciais das tarifas da UE.
Ele sugeriu que as tarifas poderiam influenciar quais modelos seriam fabricados nas plantas europeias da Stellantis, mas ressaltou que ainda é cedo para definições. Xin destacou que a empresa poderia absorver parte dos custos, uma vez que 60% do desenvolvimento de seus veículos é feito internamente.
Expansão da BYD na Europa
Quanto aos planos de fabricação europeia, Stella Li revelou que a BYD pretende produzir quase todos os seus EVs na Hungria e maximizar suas compras de fornecedores europeus, além de contar com fornecedores chineses que estão se estabelecendo na Europa.
A exportação é uma peça-chave na estratégia de crescimento da BYD, com novas linhas de montagem em construção em países como Brasil e Uzbequistão.
Em relação ao desempenho fraco da BYD na Alemanha, Li admitiu que a empresa ainda precisa ajustar sua infraestrutura no país.
No ano passado, a BYD vendeu pouco mais de 4.000 carros na Alemanha, mas as vendas caíram para menos de 1.500 no primeiro semestre deste ano, em linha com a desaceleração geral na demanda por EVs.
“Acho que não estruturamos a rede de forma correta”, disse Li, acrescentando que a empresa está ampliando seus pontos de serviço e a rede de concessionárias para reverter essa tendência.
A BYD recentemente adquiriu a distribuidora alemã Hedin Electric Mobility, em agosto, para ter mais controle sobre as vendas no mercado alemão. Com essa nova estratégia em vigor, Li acredita que as mudanças serão visíveis em breve: “Você verá muitas BYDs nas ruas da Alemanha em breve”.